Treinamento Profissional e Formação Continuada na Educação

terça-feira, 6 de setembro de 2011

VALORES HUMANOS NA ESCOLA E NA FAMÍLIA

            Toda criança é vista como portadora do futuro do mundo. Mas, a vulnerabilidade da sua proteção e segurança do seu desenvolvimento social e psicológico pautado na normalidade e na manutenção do equilíbrio do ambiente em que está inserida, se expressa como requisito que ainda exige cuidados.
Se um dia os homens souberem raciocinar sobre a formação dos seus filhos como o bom jardineiro raciocina sobre a riqueza do seu pomar, deixarão de sentir os eruditos que, nos seus antros, produzem frutos envenenados que matam ao mesmo tempo quem os produziu e que os come. Restabelecerão valorosamente o verdadeiro ciclo da educação: escolha da semente, cuidado especial do meio em que o indivíduo mergulhará para sempre as suas raízes poderosas, assimilação pelo arbusto da riqueza desse meio. A cultura humana será, então, a flor esplêndida, promessa segura do fruto generoso que amadurecerá amanhã. (FREINET, 1991, p.7)
            Presencia-se atualmente, outra geração em que, com medo de repetir os percalços do passado, dá-se muito poder aos filhos, que por imatura competência submetem os pais à tirania das suas vontades.
O enfraquecimento da autoridade dos pais, como conseqüência direta da falta de valores, permite que as crianças hoje sejam informadas de certas coisas muito precocemente e tomem contato com assuntos inadequados a sua idade. Por falta de uma disciplina firme, ditada por uma autoridade autentica vinda dos pais, as crianças vêem tudo o que querem na TV, em revistas e em videogames, nos horários em que bem entendem, sem que haja um direcionamento dessas informações que recebem.
(POLI, 2009, p.15)
Ao pensar a aprendizagem do educando, vislumbra-se o contexto familiar e escolar ligados diretamente à formação do ser humano.

Bossa (2000) lembra que “até o início da vida escolar do educando, a família é a única responsável pela formação psíquica da criança”. Portanto, algumas práticas familiares se embasam nos elementos fundamentais como valores éticos e morais, bons pensamentos e desejos para a efetivação da aprendizagem do educando.
Libâneo (1985, p.67) evidencia que “o que um aluno é, depende daquilo que o meio social permite que ele seja. A ação pedagógica pressupõe a compreensão do significado social de cada comportamento, no conjunto das condições de existência em que ocorre”.  Neste contexto, entro em concordância com Bossa (2000) quando considera que o peso da participação da família é essencial, não somente ao longo do processo de aprendizagem, nem somente ao longo da vida escolar, mas desde o nascimento da criança. E, neste século XXI, em que pais e mães trabalham fora, para manter a família constituída, os filhos ficam a mercê de outras pessoas, estranhas à família e muitas vezes, sem preparo para educar com responsabilidade. Para compensar a ausência dos pais, quando estes estão em casa, junto dos filhos, acabam deixando-os fazer o que bem entendem o que bem querem e, de posse da liberdade posta pelos seus genitores, abusam.
Faz parte da educação, assumir a responsabilidade de estabelecer regras e limites, participar do desenvolvimento da auto-estima e propiciar uma comunicação de mão dupla com os filhos.. (Bruscagim apud PELT 2006, p.3)

            Os pais que se fazem presentes na educação e na aprendizagem dos filhos     estão estabelecendo a comunicação de mão dupla.
 Para Villamarín (2001) os pais devem dar aos seus filhos uma educação capaz de transformá-los em pessoas responsáveis, honestas e produtivas, pois, o futuro de cada indivíduo e da coletividade, dependem, da qualidade do trabalho educativo que os pais fizerem. E, isso refletirá na aprendizagem junto à escola.
O embasamento tecnológico e científico é o alicerce que garante a qualidade do ensino, mas, recai na figura do profissional docente, o papel de encantar, de seduzir, de fascinar em sua jornada e, a exigência de que este seja um sujeito ativo, criativo, que possua a capacidade de superar os preconceitos e as dificuldades da profissão. E, que esteja apto a agir com segurança e repúdio frente aos interesses particulares e vantagens individualistas.

"GESTÃO ESCOLAR" PÕE EM XEQUE A QUALIDADE DO ENSINO PÚBLICO

Muito se tem discutido, pesquisado e refletido sobre os fatores de risco da qualidade do ensino público no Brasil. Uma gama de questões são elencadas e postas ao debate. Nos encontros de formação de professores já virou um modismo repensar as questões norteadoras do ensino-aprendizagem e demais entraves relacionados à consolidação do ambiente pedagógico adequado.
            A cada encontro formativo, retomam-se as mesmas questões, para as quais se atribui novas culpas, desabafos e demandas carentes de contínuos ajustamentos que revelam experiências emergentes e indicam a necessidade de alteração dos planos.
            Dentre os elementos e aspectos que imperam a qualidade do ensino aprendizagem na escola pública, destaca-se um que considero primordial: o papel do gestor escolar.
            Atualmente a gestão escolar demanda mais do que representar status ou poder. A terminologia ‘diretor’ foi ampliada para ‘gestor’. O termo diretor conforme o dicionário Aurélio da língua portuguesa descreve aquela figura que guia, é o dirigente, o mentor, o guia intelectual, ou seja, o chefe imbatível, figura destaque do ambiente escolar. Contudo, a democratização do ensino faz surgir o termo gestão, que significa ato ou efeito de gerir, conceber, formar no espírito e na ideia, dando-lhe forma e expressão; sugere compreender, entender, imaginar, fecundar, tomar a dor alheia. Como se pode perceber, o termo gestão amplia a capacidade e enche de significado a função ou cargo da figura que ‘representa’ a escola. Todavia, se o centro do processo de ensino-aprendizagem é o aluno, o que faz com que tenhamos essa visão retrógrada e distorcida da figura da autoridade máxima da escola (diretor)?
            Fala-se em modelos de gestão participativa e democrática, mas o que se vê, na maioria das escolas públicas, é ‘gestores’ (aqueles diretores) que guiados por interesses politiqueiros foram ‘eleitos’ pela comunidade escolar, muitas vezes, à custa de vergonhosas pressões que em nada caracterizam a livre escolha representativa por voto secreto e democrático. Em seguida assumem o cargo e o ‘prestigioso status social’ a que buscavam.
            Alguns conseguem superar as expectativas a que vieram e promovem ações conjuntas com a docência e torna a escola um ambiente estratégico onde os interesses pessoais e comuns da classe marginalizam o real papel da instituição, que é prioritariamente o ensino-aprendizagem.
            Outras assumem o cargo ou a função para segurar as rédeas dessa ‘política’ ou seja, politicagem nostálgica e doentia que, em pleno século XXI, era do conhecimento, oprime, inquieta, perturba e preocupa.
            Mas não se pretende aqui hastear bandeiras contra ou a favor desses modelos e sim, oportunizar a você leitor crítico e consciente uma reflexão em prol da alavanca de transformação social e política que combata o pessimismo sociológico e que promova o engajamento social, político e cultural, na luta pela transformação das estruturas opressivas que ainda sobrevivem nessa sociedade classicista pós-moderna.
            A gestão democrática e participativa é uma concepção de caráter descentralizador da administração escolar, mediante a efetiva participação dos profissionais da educação (professores e agentes educacionais), de toda a comunidade escolar (pais, alunos, CPM e conselho escolar), bem como, dos órgãos governamentais.
             Nesse viés, todas as ações da escola se voltam para a excelência do processo de ensino aprendizagem, o que exige liderança, preparação, objetividade, compromisso, competência, equilíbrio, organização, criatividade, motivação, responsabilidade, boa vontade, dedicação e a adoção de uma estratégia que rege a gestão compartilhada, que nada mais é que o trabalho coletivo da equipe, afinal, na escola ‘ninguém é melhor  ou pior do que o outro’, todos possuem capacidade pois, são profissionais formados e preparados para transformar realidades a partir do conhecimento científico e da promoção do conteúdo humano benigno.
            ‘Gestão’ nenhuma faz nada sozinho. É preciso reconhecer e valorizar as potencialidades dos que os cercam. Quando se tem na escola uma equipe unida e comprometida, de mente saudável e livre dos devaneios maldosos e politiqueiros, têm-se igualmente pais, professores e agentes educacionais felizes e orgulhosos por participarem de uma instituição que transforma a vida dos seus educandos. Quando as energias positivas refletem no processo de ensino-aprendizagem ocorrem destaques no índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB), pois se estabelece o bem estar e consequentemente reina a  qualidade e excelência na aprendizagem, todavia isso só ocorre quando existe participação efetiva de todos num engajamento coletivo, colaborativo e desafiador.
            O verdadeiro gestor busca parcerias saudáveis, instiga, e integra família e escola com intuito de fortalecer parcerias colaborativas nos planos e ações, objetivando superar as dificuldades que o ensino público vem enfrentado para assim, consolidar a função social da escola. O apoio e parcerias a partir das famílias são importantíssimos para o sucesso do  ensino público, visto que é um dever necessário dos genitores para com o processo de ensino-aprendizagem dos seus. Eis o real papel do gestor escolar.

gladetsilva@yahoo.com.br
Gladenice T. da Silva
Especialista em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares;
Esp. Gestão Escolar;
Esp. Psicopedagogia Clínica e Institucional;
Esp. em Docência do Ensino Superior;
Esp. em Neuropsicopedagogia