Treinamento Profissional e Formação Continuada na Educação

terça-feira, 6 de setembro de 2011

"GESTÃO ESCOLAR" PÕE EM XEQUE A QUALIDADE DO ENSINO PÚBLICO

Muito se tem discutido, pesquisado e refletido sobre os fatores de risco da qualidade do ensino público no Brasil. Uma gama de questões são elencadas e postas ao debate. Nos encontros de formação de professores já virou um modismo repensar as questões norteadoras do ensino-aprendizagem e demais entraves relacionados à consolidação do ambiente pedagógico adequado.
            A cada encontro formativo, retomam-se as mesmas questões, para as quais se atribui novas culpas, desabafos e demandas carentes de contínuos ajustamentos que revelam experiências emergentes e indicam a necessidade de alteração dos planos.
            Dentre os elementos e aspectos que imperam a qualidade do ensino aprendizagem na escola pública, destaca-se um que considero primordial: o papel do gestor escolar.
            Atualmente a gestão escolar demanda mais do que representar status ou poder. A terminologia ‘diretor’ foi ampliada para ‘gestor’. O termo diretor conforme o dicionário Aurélio da língua portuguesa descreve aquela figura que guia, é o dirigente, o mentor, o guia intelectual, ou seja, o chefe imbatível, figura destaque do ambiente escolar. Contudo, a democratização do ensino faz surgir o termo gestão, que significa ato ou efeito de gerir, conceber, formar no espírito e na ideia, dando-lhe forma e expressão; sugere compreender, entender, imaginar, fecundar, tomar a dor alheia. Como se pode perceber, o termo gestão amplia a capacidade e enche de significado a função ou cargo da figura que ‘representa’ a escola. Todavia, se o centro do processo de ensino-aprendizagem é o aluno, o que faz com que tenhamos essa visão retrógrada e distorcida da figura da autoridade máxima da escola (diretor)?
            Fala-se em modelos de gestão participativa e democrática, mas o que se vê, na maioria das escolas públicas, é ‘gestores’ (aqueles diretores) que guiados por interesses politiqueiros foram ‘eleitos’ pela comunidade escolar, muitas vezes, à custa de vergonhosas pressões que em nada caracterizam a livre escolha representativa por voto secreto e democrático. Em seguida assumem o cargo e o ‘prestigioso status social’ a que buscavam.
            Alguns conseguem superar as expectativas a que vieram e promovem ações conjuntas com a docência e torna a escola um ambiente estratégico onde os interesses pessoais e comuns da classe marginalizam o real papel da instituição, que é prioritariamente o ensino-aprendizagem.
            Outras assumem o cargo ou a função para segurar as rédeas dessa ‘política’ ou seja, politicagem nostálgica e doentia que, em pleno século XXI, era do conhecimento, oprime, inquieta, perturba e preocupa.
            Mas não se pretende aqui hastear bandeiras contra ou a favor desses modelos e sim, oportunizar a você leitor crítico e consciente uma reflexão em prol da alavanca de transformação social e política que combata o pessimismo sociológico e que promova o engajamento social, político e cultural, na luta pela transformação das estruturas opressivas que ainda sobrevivem nessa sociedade classicista pós-moderna.
            A gestão democrática e participativa é uma concepção de caráter descentralizador da administração escolar, mediante a efetiva participação dos profissionais da educação (professores e agentes educacionais), de toda a comunidade escolar (pais, alunos, CPM e conselho escolar), bem como, dos órgãos governamentais.
             Nesse viés, todas as ações da escola se voltam para a excelência do processo de ensino aprendizagem, o que exige liderança, preparação, objetividade, compromisso, competência, equilíbrio, organização, criatividade, motivação, responsabilidade, boa vontade, dedicação e a adoção de uma estratégia que rege a gestão compartilhada, que nada mais é que o trabalho coletivo da equipe, afinal, na escola ‘ninguém é melhor  ou pior do que o outro’, todos possuem capacidade pois, são profissionais formados e preparados para transformar realidades a partir do conhecimento científico e da promoção do conteúdo humano benigno.
            ‘Gestão’ nenhuma faz nada sozinho. É preciso reconhecer e valorizar as potencialidades dos que os cercam. Quando se tem na escola uma equipe unida e comprometida, de mente saudável e livre dos devaneios maldosos e politiqueiros, têm-se igualmente pais, professores e agentes educacionais felizes e orgulhosos por participarem de uma instituição que transforma a vida dos seus educandos. Quando as energias positivas refletem no processo de ensino-aprendizagem ocorrem destaques no índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB), pois se estabelece o bem estar e consequentemente reina a  qualidade e excelência na aprendizagem, todavia isso só ocorre quando existe participação efetiva de todos num engajamento coletivo, colaborativo e desafiador.
            O verdadeiro gestor busca parcerias saudáveis, instiga, e integra família e escola com intuito de fortalecer parcerias colaborativas nos planos e ações, objetivando superar as dificuldades que o ensino público vem enfrentado para assim, consolidar a função social da escola. O apoio e parcerias a partir das famílias são importantíssimos para o sucesso do  ensino público, visto que é um dever necessário dos genitores para com o processo de ensino-aprendizagem dos seus. Eis o real papel do gestor escolar.

gladetsilva@yahoo.com.br
Gladenice T. da Silva
Especialista em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares;
Esp. Gestão Escolar;
Esp. Psicopedagogia Clínica e Institucional;
Esp. em Docência do Ensino Superior;
Esp. em Neuropsicopedagogia

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